Todos
nós carregamos várias lembranças de nossas infâncias e desculpe-me quem não tem
irmãos, mas quem tem sabe que é a maior aventura, os pais que o digam, é um
corre-corre pela casa, é gritaria por todos os cômodos, é desconfiar quando
eles estão quietinhos pois certamente estão aprontando, não tem pessoas com
quem a gente brigue mais e quando vemos já esquecemos
e estamos falando outra vez. Deduramos, chantagiamos e ainda assim conseguimos
ser amigos.
Não tem quem entenda mais a gente do que eles. Falo por experiência
própria, tenho três irmãos, estou praticamente no meio, tive o privilégio de
saber como é ter uma irmã mais velha e irmãos mais novos, e sério, é uma
loucura. Minha irmã mais velha é a que mais sofreu comigo, ah, mas eu também
sofri nas mãos dela, lembro até hoje, afinal ela não me deixa esquecer, a gente
sempre teve uma ligação muito forte, quando a gente saía nos tapas era mais
forte ainda, era tipo uma competitividade de quem mais prejudicava a outra,
acho que nós duas empatamos. Eu sempre via meus tios e tias num bom
relacionamento com meus pais e pensava comigo: Gente, como isso é possível?
Eles não brigam? Era uma ideia muito estranha. Até a época da minha
adolescência brigar era a coisa mais normal do mundo, e era muito engraçado,
pois depois de uma briga eu ia até ela pedir alguma coisa emprestada, ah,
irmãos, sempre assim, até hoje quando tenho a oportunidade eu pego alguma coisa
dela, só que hoje ela é mais boazinha (Espero que ela não leia este texto).
Lembro que quando ela casou, logo pensei, agora o guarda-roupa será todo meu,
iludida, agora seria eu que sofreria nas mãos da irmã mais nova. E assim foi.
Como diz o ditado, o mundo dá voltas.
Minha irmã mais nova sempre foi cúmplice
da mais velha, a manipuladora. Já me senti as vezes que era totalmente
diferente delas. Acho que só depois que minha irmã casou que realmente comecei
a conhecer minha outra irmã, afinal, não tinha a mais velha pra brigar,
precisava ocupar aquele espaço que estaria vazio a partir daquele momento,
estava enganada, acho que com cada irmão nosso temos experiências diferentes,
na verdade, isso é muito óbvio, o que quero dizer é que sempre haverá
lembranças que caracterizem cada um deles, eu lembro da minha irmã mais velha
através das nossas brigas e da nossa competitividade (Nunca vou esquecer que
ela sempre ganhava os cadernos mais bonitos, mochila de menininha e eu, de Power
ranger, não nego que gostava, mas eu queria tudo o que era dela, isso é uma coisa
que a gente admite só depois que está mais velha), mas também lembro dela como
um modelo que eu queria imitar, sempre achei ela linda, o cabelo preto escuro,
a pele morena sem espinhas, eu já cheguei a achar que ela era a Patrícia do
Rouge, algo que ela me dizia, já fiquei acordada para ver se ela sairia aquela
noite para mais um de seus shows, lembro de uma plaquinha de madeira que ficava
numa parede do quintal, que ela me dizia que estava ali todas as suas joias mas
para poder abri-la era preciso ter o código, já tentei de tudo para abrir,
tentativas em vão (Confesso que ainda tenho curiosidade para saber o que há lá
dentro).
Quando penso na minha irmã mais nova, lembro das nossas brincadeiras,
quando montávamos casinhas de tijolos, cortávamos os matinhos para fazer de
comidinha para as bonecas, pegávamos roupas velhas, ou alguma roupa escondida
da irmã mais velha para cortar e fazer roupinhas de Barbie. Ela me disse uma
vez que chamei ela de mosquito e ela saiu chorando, tadinha... acho que lembro
dela como a mais chorona, lembro que a gente não saia do posto de saúde por
causa dela, mas era divertido pois eu e minha irmã mais velha ficávamos
dançando mostrando para as pessoas nossas habilidades, quando a gente é criança
a gente pensa cada coisa, não? Bem... depois que minha irmã mais velha casou, a
proximidade com minha irmã mais nova aumentou, ela não ocupou o espaço nem
substituiu a mais velha, mas criou o seu próprio espaço, nós não brigamos
muito, eu pego bastante no pé dela quando é preciso, mas dificilmente fico com
a cara emburrada, acho que é porque eu cresci.
A
gente cresce e muda aquilo que quando somos crianças parece ser imutável. Já
minha relação com meu irmão, talvez pela idade ser um pouco mais distante e ele
ser o caçula, sempre foi bastante tranquila, é quase uma relação maternal, as
vezes fico muito impaciente e me preocupo demais, para mim ele será sempre
criança e talvez eu pegue no seu pé por isso, tenho aquele instinto de
superproteção e não deixo ele fazer nada, as vezes isso é muito ruim,
principalmente para ele, tento lidar de forma diferente, mas é muito difícil as
vezes. Ele sempre foi o birrentinho, acho que me identifico com ele. Ele adora
se intrometer nas conversas em que não foi chamado, eu fico irritada, mas
lembro que era exatamente igual. A relação dele com minha irmã mais nova é um
tanto parecida com a relação que tinha com minha irmã mais velha, eles só
brigam e eu fico no meio tentando apartar, mas ao mesmo tempo são tão unidos
que não sabem viver longe um do outro. Esta é um pouquinho da minha história
com meus irmãos. Hoje, no mundo contemporâneo, muitos casais limitam-se a ter,
não mais que, um filho, seja por condição financeira ou por vontade própria,
contudo, apesar de ser uma decisão que cabe a cada um escolher o que é melhor, também
é uma boa escolha ter mais que um filho, pois ninguém entende tão bem todas as
emoções que cercam o lar. Os pais, mesmo que essenciais, não compreenderá como
um irmão que é semelhante a gente e está na mesma posição de filho que nós.
Quais são suas recordações com seus irmãos? Como você lembra deles? O que mais
os caracteriza? Deixe aqui suas experiências.
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